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Relacionamento entre sócios: garantindo uma parceria duradoura
7 de novembro de 2022
6 min de leitura
Paula Ferraz de Lima
“Uma comunicação clara é uma necessidade inquestionável para que um relacionamento funcione. Entendam que é preciso respeitar limites e dar espaço para que ambos tomem suas decisões”.
Esse post trata do assunto de relacionamento entre sócios de uma empresa, como encontrar parceiros de negócios e manter uma sociedade estável e saudável. Confira:
Há muitas vantagens em estabelecer uma sociedade para começar uma empresa. Uma boa relação societária pode levar o negócio mais longe do que se você estivesse tomando conta de tudo sozinho, mas isso não quer dizer que torne empreender uma prática mais simples ou fácil.
É muito comum que as sociedades tenham um fim inesperado ou que, pouco a pouco, a relação entre sócios fundadores se desgaste. Para evitar isso, preparamos algumas dicas que podem ajudar a manter relacionamentos saudáveis e duradouros entre sócios, possibilitando que seu empreendimento prospere ao máximo. Ficou curioso? Vamos começar!
A parceria nos negócios refere-se a uma forma legal de acordo entre duas ou mais partes onde ambas as partes concordam em gerenciar e operar um negócio e compartilhar seus lucros.
Alinhem objetivos e expectativas
A primeira coisa que você deve se certificar é: você e seus sócios estão alinhados em relação ao que desejam atingir e aonde querem chegar com o negócio? Nesse momento, não estamos falando sobre quantias exatas de faturamento em determinado período de tempo (apesar de o tamanho esperado do negócio ser um assunto relevante), mas de estratégias, valores, missão e visão para o negócio. Assim, é importante ser o mais claro possível em relação às ambições que possui e ao esforço esperado de cada membro.
Pense na seguinte hipótese: um sócio proprietário pode acreditar que o melhor caminho para a empresa seja crescer o máximo possível, em pouco tempo, para vendê-la a uma companhia maior.
Porém, caso a visão do outro seja diferente, e ele almeje, por exemplo, construir um negócio que mude os padrões do mercado em um esforço de longo prazo, sem a interferência de investidores ou capital externo, provavelmente acabaria entrando em conflito com seu parceiro de negócios em algum momento.
Objetivos e interesses são fatores importantes que devem ser discutidos clara e abertamente antes do estabelecimento e assinatura do contrato. Assim, é possível minimizar riscos futuros e tentar assegurar que a formação da sociedade será viável. Retornar a esses aspectos e conversar sobre eles também pode auxiliar em momentos de crise após a formação da sociedade.
Registre em contrato todas as contribuições e expectativas
Existem diversos fatores que podem gerar desacordo entre sócios. Por isso, prestar atenção à estrutura societária que foi acordada no começo da formação da parceria é fundamental.
O contrato existe para que possam ser devidamente estabelecidas linhas bem claras, relativas às relações financeira, de responsabilidades e de confiança entre os sócios. É importante prestar muita atenção nesse momento, pois um acordo transparente — com responsabilidades e direitos bem definidos — é um fator que colabora bastante para o bom funcionamento da sociedade.
Uma sociedade conta com duas características principais: a capitalista e a personalista. Toda sociedade possui uma proporção entre essas duas feições, sendo que as predominantemente capitalistas são mais focadas na divisão de quotas sociais e na contribuição financeira. Por outro lado, as de ênfase personalista têm como elemento crucial a confiança entre os sócios, também chamado de affectio sociatis.
Considerando a importância dessa relação de cumplicidade, as contribuições de cada um devem ficar bem demarcadas. No contrato, deve ficar claro o esforço laboral e intelectual esperado de cada um, assim como as funções de cada sócio.
Para que a relação firmada seja honrada e tenha sucesso no longo prazo, as condições acordadas devem ser respeitadas. Isso é fundamental no aspecto da relação entre os membros e é igualmente crítico no aspecto legal e contratual. Para que a sociedade possa se sustentar legalmente, é necessário manter o affectio sociatis, que citamos anteriormente. Caso um sócio não esteja cumprindo com suas obrigações, ele está violando o acordado, arriscando a sociedade e, por gerar quebra de confiança, pode fazer com que a relação seja desfeita.
Respeitem as responsabilidades de cada um
Feito o alinhamento de todas as expectativas, tanto de esforços laborais e intelectuais quanto financeiros, é muito importante, como já citamos, manter uma relação de confiança e respeitar o que foi acordado.
Caso você ainda esteja em busca de sócios ou já esteja avaliando possíveis candidatos, analise como vocês se complementam, tanto no que se refere a expertises e conhecimento, quanto no modo de pensar e agir.
É muito comum que sócios de uma empresa sejam amigos e achem que, apenas por essa afinidade, terão sucesso juntos em um novo empreendimento. Contudo a realidade não é essa. Embora existam casos de sucesso, muitas amizades são desfeitas devido a conflitos nos negócios. Afinal de contas, “amigos, amigos, negócios à parte”, o que, inegavelmente, é lamentável.
Observem como flui a sinergia entre vocês e quais tarefas se ajustam melhor ao perfil de cada um. Feita essa decisão, entendam que é necessário respeitar limites e dar liberdade e espaço para que ambos tomem suas decisões dentro de suas responsabilidades.
Isso não quer dizer que você não possa dar sua opinião ou cobrar algo em atraso, por exemplo. Contudo, é saudável saber agir moderadamente para que cada um sinta que tem voz própria e valor dentro da empresa.
Valorizem a importância da boa comunicação
Mesmo que as três dicas anteriores sejam fielmente atendidas, de nada adianta sem uma boa comunicação entre sócios. É fundamental que seja sempre reservado um tempo para que possam conversar, entender as perspectivas de cada um e sempre buscar o realinhamento de expectativas e objetivos.
No fim das contas, para a boa comunicação, é essencial ter empatia, ou seja, a habilidade de se colocar no lugar do outro e entender sua posição, e, assim, agir da melhor maneira possível. Além disso, com conversas frequentes, a resolução de problemas será mais rápida também. Não é nada saudável acumular temas mal resolvidos, pois o quanto antes algo for feito a respeito, menos dano será causado.
Um sociedade é realmente um casamento, inclusive com regime de bens e divisão de guarda. Além da questão contratual, há, ainda, toda a dinâmica de um relacionamento, com convivência diária, DRs, brigas, reconciliações e dramas.
Uma comunicação clara entre parceiros de negócios é uma necessidade inquestionável, assim como é essencial para que um casamento funcione. Os sócios precisam demonstrar empenho e mostrar que jogam no mesmo time a fim de superar as diversas dificuldades que irão enfrentar.
Paula Ferraz é formada em Jornalismo pela universidade Estácio de Sá. Com mais de 10 anos de experiência como empresária, escreve artigos voltados para esse tema desde 2012. Desde cedo, demonstrou interesse por pequenos negócios e por tudo o que está relacionado ao cenário empreendedor.